Álvaro Lins, Homenagem

Áudio

Áudio do texto pela Educadora Zeneide Alves dos Santos, ex-diretora do Colégio Álvaro Lins e ex-secretária de educação; fez parte da equipe da Professora Mariana Lima na Escola Mário Sette.

Parte 01

Parte 02

Texto

O que fazemos neste encontro? Os planos de Deus são imensamente sagrados e impenetráveis…

O nosso entendimento e aproximação, tudo é importante, sumamente válido, para vocês e para mim. Ao longo de uma vasta e consoladora experiência, aqui estou, ainda vibrando porque me encontro com novos valores, pessoas outras… aspirações de uns, e de outros, de vocês, convidados, autoridades, professores, alunos, fazem todos, parte dessa família semidivina, com encargos altamente sublimes sobre este mundo, sob este imenso e rico Universo. Estamos aqui, para atender a um convite honroso da Professora Socorro Rabello, para pensarmos juntos, sobre um acontecimento, uma pessoa, um final, um começo, uma continuidade…

Há vinte anos, dia 04 de junho de 1970, chegava a esta Cidade, uma notícia sombria… falecia no Rio de Janeiro, um filho dileto de Caruaru, apagava-se uma existência física, para rebrilhar uma estrela da Cultura, no céu da Pátria, céu universal, porque universal fora a sua projeção incomparavelmente sábia: Álvaro de Barros Lins, a quem passei a querer mais, depois de estudos e pesquisas, sobre sua história, quando a pedido da Professora Zeneide Alves dos Santos, diretora do Colégio Municipal, me pediu para fazer um trabalho sobre o Patrono daquela Casa de Ensino.

Dia 14 de dezembro de 1912, nascia em Caruaru, um menino a que chamaram pelo seu batismo, Álvaro e pelo registro civil, Álvaro de Barros Lins. Viveu numa residência no Bela Vista em frente à Igreja do Rosário e depois, ao lado da igreja da Conceição, quando passou a conviver com familiares, após o falecimento de sua genitora. Foi entregue aos cuidados de uma prima e madrinha, Dona Corina Ramos. Ali crescia sobre desvelo e amor específico, já pelo parentesco, já pela revelação, quanto aos valores nele constatados muito cedo pelos padrinhos. Em condição de assumir-se, casou-se com Dona Heloisa Lins.

De uma inteligência rara, uma sabedoria inspirada, porção divina que do alto desce como farol bendito sobre pessoas que dizemos predestinadas. Sabemos que Deus concede a todos os dons especiais, mas deixa o beneficiado, o trabalho de desenvolver, cultivar… Álvaro Lins soube receber, alimentar, e mesmo entre as intempéries pela vida a fora, resistiu e foi o valor incontestavelmente belo, das Letras em âmbito Internacional.

Membro da Academia de Letras, maior crítico literário da América Latina, autor de muitos livros, escritor, jornalista, deixou marcas imortais na história cultural de Caruaru, Pernambuco, Brasil e no Exterior.

Discorrer sobre a página sublime do que foi Álvaro Lins, que cargos ocupou e que altas funções desempenhou, seria uma biblioteca interminável.

Estudou o primário aqui em Caruaru e era considerado sapiente, improvisando, escrevendo com jeito admirável. Entre colegas, causava ciúmes a uns, e orgulho a outros, divergências naturais entre estudantes.

Não obstante o silêncio observado em seu feitio reservado, gostava de esporte, seu preferido lazer. Nada, entretanto, o impedia de dar certas as suas respostas, e cumprir com exatidão os deveres escolares.

Terminado o Curso Primário, foi para o Recife, aconselhado que fora pelos professores de Caruaru, para buscar condições ao desenvolvimento de uma inteligência extraordinária e fecunda, observação esta feita pelos competentes professores da época, que viu em Álvaro perspectivas para “ir longe” …

No Colégio Félix Barreto e no Salesiano, fez o Curso Secundário. Entrou na Faculdade de Direito, onde se formou e ali escreveu o seu primeiro trabalho aos vinte anos de idade. Aos vinte e cinco anos, escreveu o seu primeiro Livro, “História Literária de Eça de Queiroz”.

No Recife foi professor, jornalista, demonstrando competência criativa e promissora. Participou de movimentos estudantis e ocupou cargos de relevância.

Despertando-se-lhe a inclinação política, candidatou-se a deputado perdendo as eleições. “o que muito lhe magoou”, e talvez tenha sido esta a causa do seu quase total afastamento de sua Terra Natal. Lamenta-se a falha, mas, como em tudo há o mistério das coisas, lhe aguardavam outras fagueiras esperanças e realizações…

No governo Juscelino, foi chefe da casa civil e no governo Lima Cavalcanti, foi Secretário de Gabinete.

Do Ministro das Relações Interiores, recebeu convite para escrever em estilo biográfico, sobre o Barão do Rio Branco.

Foi diretor e redator de jornais, suplementos e revistas. Cargos importantes, ocupou com sabedoria e brilho.

Professor Catedrático do Colégio Pedro II, Professor de Estudos Brasileiros da Universidade de Lisboa, mereceu condecorações como: a Grã-Cruz da Ordem de Cristo e outras. Pelo seu livro, “Missão em Portugal”, recebeu o título de Personalidade do Ano. Foi chefe da delegação brasileira no Congresso Mundial da Paz. Condecorado com a ordem do Mérito Militar do Exército Brasileiro.

Eis uma pequena parte do que se contém na história do dileto filho de Caruaru, o Crítico Literário honrosamente e, elevado na estima admiração e respeito do povo brasileiro, e na particular estima do povo desta amada Caruaru, onde nasceu Álvaro Lins.

Hoje dia 04 de junho de 1993, 23 anos do falecimento do escritor, Crítico Literário, motivo porque estamos aqui, numa homenagem póstuma, lembrança da atual administração municipal, que tomou a seus sagrados encargos, lembrar, vivenciar com frequência e mais carinho, as datas significativas dos seus filhos, que mais palpavelmente elevaram Caruaru, às sublimidades da sabedoria, tesouro incorruptível que ultrapassa interminável, o tempo que não apaga os seus valores, mas ostentam uma paisagem encantadora e eterna.

Álvaro Lins, em você e por você, bendizemos ao eterno Deus pelos dons concedidos a sua singular pessoa… Você tem iluminado a quantos buscam na grandeza do Deus Sapiente, reflexos como em você, estrela de primeira grandeza, no céu deste nordeste, cujos reflexos têm chegado além dos mares, numa realização infinita, porque infinita é a sabedoria dos homens, quando alimentadas sob a Sabedoria por Excelência – Deus, NOSSO SAPIENTE E ETERNO DEUS.

Discurso proferido em 04.06.1993, em solenidade alusiva ao 23º aniversário de falecimento de Álvaro Lins.