Dizem ser hoje o teu dia,
Louvem-se os teus pensamentos,
Na rima do dia a dia,
Teus são todos os momentos.
Certo podemos dizer,
Esta verdade vivida,
Todo viver do poeta,
São duas vezes sentidas,
Fez Deus do Poeta a alma,
Com tal carinho pensada,
Que sonha quando dormindo,
Sonha também acordada.
Às vezes pisam-lhe os pés,
Por descuido ou por maldade,
Tão gentil ele se inclina:
Desculpem-me por piedade!
Enquanto o mundo se vai,
Crescendo também no mal,
O poeta sonha e vê,
Uma manhã ideal.
É que o amor nele mora,
O fraterno perdoar,
Vê no outro seu irmão
Condição de melhorar.
Na sua história de amor,
Vira terno passarinho,
Na janela do seu bem,
Se antecipa, faz seu ninho.
Às vezes chora sozinho,
A carpir a solidão,
O seu relógio é o tempo,
Dando corda ao coração.
Ama toda a natureza,
Até nos seixos da rua,
Ele encontra poesia,
E namora dona Lua!
Ama a flor, e a fauna,
O sol, as aves dos céus,
Com toda loucura sua,
Se apaixona por seu Deus.
Vê o ouro reluzente,
Em qualquer joia dourada,
Seu coração transparente,
De maldade não tem nada.
Vê no brilho das estrelas,
E na rosa perfumada,
Todo encanto e depõe
Na sua pessoa amada.
Outros olhos ele tem,
Só pra ver e admirar,
O seu precioso bem,
E doidamente o amar…
No escuro vê o claro,
Da noite vislumbra o dia,
Só não dá para mudar,
A tristeza em alegria.
Mas, no amargo da vida,
Tão amargo quanto o fel,
O poeta vai e colhe,
Toda doçura do mel.
Ao ver a seca ele chora,
Ao ver o gado morrendo,
Ascende a fé, logo vê,
Do céu a nuvem chovendo,
Vê o ódio, a violência,
A nossa paz mutilando,
Vê o mundo arrependido,
Amor e perdão buscando,
A poesia é lirismo,
É sonho, é exaltação,
Antes é pura verdade,
Da mente e do coração.
É que este acervo em retalho,
De toda cor fabricado,
Com tanta sabedoria,
Foi do POETA SAGRADO…
Poeta meu doce Amigo,
Eis o hino da razão
A poesia só vale,
Se casada com a ação.
Deus, meu Deus e me Tudo,
A rima é pobre e atoa,
Dá ao poeta o amor
Sua loucura perdoa!…
Espero de ti, bom Deus
A paciência e o perdão.
15/09/1986